domingo, 29 de agosto de 2010

quiche de espinafre

 

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Mala: Ela era boa (parecia). Comprada em Roma na Semana Santa de 2009, substituindo outra que já tinha dez anos e era (literalmente) um saco pra carregar. Verde clarinha, rodinhas super potentes, extremamente satisfatória. Quebrou na fatídica noite de 30 de julho de 2010 entre a Galta Tower e a estação de metrô Davutpasa (tem uma cedilha embaixo desse S). A memorável noite em que cheguei ao Congresso Mundial da Juventude escoltada por três policiais de Istambul. Conto essa história se vocês pedirem por favor. Causa mortis: lacre da alça de puxar rompido, alça lateral rasgada, metade do suporte das rodinhas quebrado e um dos pés de suporte estourado quando passei com ela muito rente a uma parede. Ops.

Mala [2]: Ela já parecia ruim. Comprada em Istambul, substituindo a do parágrafo anterior. Istambul é uma cidade muito barata, muito muito barata. A mala em questão custou o mesmo que a mala de Roma, que não é uma cidade barata, nem um pouco barata. A ilusão me fez pensar que Mala [2] duraria no máximo dois meses e que tudo bem porque eu já planejava me desfazer da Mala após essa viagem e então Mala [2] teria uma vida curta mas bastante viajada animada diferente das malas que só servem para carregar a mercadoria da casa para a feira e da feira para casa o que é mais menos o destino da maioria das malas que já de cara parecem ruins. Ufa! Mala [2] tinha a alça extremamente temperamental e emperrou já no caminho entre a universidade e o aeroporto Ataturk. A inutilização total chegou como surpresa na esteira do aeroporto Heathrow em 13 de agosto de 2010: um dos zíperes estava quebrado.

Par de sandálias: Elogiadas pela alemã por sua simplicidade e comodidade. Sola de madeira, tiras de elástico cor bege. Compradas em Franca, a capital nacional do calçado, há não sei quantos anos. Abduzida por alienígenas entre Carcassonne (França) e Istambul em 29 de julho de 2010, provavelmente durante o reposicionamento da bagagem no aeroporto de Barcelona. Teve uma vida longa e feliz, conheceu em profundidade cidades como Buenos Aires, La Coruña, San Sebastián, Barcelona e... Istambul! Foi encontrada após dez dias de buscas (e uns 70 reais para comprar outro par de sandálias boas e duráveis, mas que machucam o pé, merda).

Pente: Era tão bonitinho, de madeira e pequenino, cabia em qualquer lugar. Roubado da minha irmã mais nova (foi mal aí, sister). Criança desaparecida na viagem entre Manisa e Istambul entre 9 e 10 de agosto de 2010. Não há pistas de seu paradeiro.

Pente [2]: Sim, eu tinha dois pentes, gostava dos dois e resolvi levar ambos para o caso de perda de um deles (jênia!). Aí perdi os dois. Esse era de plástico, verde, grande e com dentes separados, uma delícia para pentear os cabelos. Perdido entre a casa do meu amigo em Londres e a casa do meu amigo em Estocolmo. Suspeita-se que o desaparecimento tenha acontecido em 17 de agosto de 2010 durante a retirada de objetos da mala de mão para colocar os malditos líquidos dentro do maldito saquinho de plástico. Em determinado momento minha filmadora caiu da mochila embaixo da mesa e eu a vi, a peguei e disse "ufa, ainda bem que percebi!"

Carregador do celular: Cor cinza, carregador da marca Samsung, dois dentes de metal não-redondos (passei cinco inúteis minutos tentando encontrar melhor descrição). Oficialmente dado como desaparecido em 23 de agosto de 2010, não sei como, duvido que tenha caído junto com o pente acima, suspeito que esteja em Londres ou no meio da minha mala, esperando para repetir a traquinagem das sandálias. Sigo conectada ao mundo graças (bom, tem a Internet) ao meu recém-adquirido talento para falar turco. O amigo do meu amigo é turco e me achou legal porque eu aprendi turco na Turquia (acreditem, não é comum) e me emprestou o dele. Daqui a cinco dias, porém, vou mifu.

Par de tênis: Estilo converse, cor preta, sola preta, cadarço preto, cano médio. Barato mas confortável, galego mas espertinho. Conheceu quatro continentes, mais especificamente Brasília, Andaluzia, Marrocos, Occitânia, a parte asiática de Istambul e até a Escandinávia. Deu os últimos suspiros ontem, 24 de agosto de 2010, após extensa caminhada de mais de seis horas e quinze quilômetros pelas ruas de Estocolmo. Minhas duas bolhas no calcanhar que o digam.

Fones de ouvido: ainda não morreram mas estão (literalmente) por um fio. Rezem comigo, Brasil. Óbito: 16h39, 25/08/2010.

Que em paz descansem todos os outros.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Comprei a passagem. Volto ao Brasil em 50 dias.



Meu coraçãozinho já está lotado de amizades novas, experiências indescritíveis, memórias que ainda não consegui digerir plenamente.


Meu MSN já está lotado de mensagens perguntando em que parte do mundo estou. Todo mundo, inclusive eu, já perdeu a conta. Outro dia, numa estação de trem, olhei para a plataforma do Eurostar e pensei "que estranho, por que tem uma plataforma do trem que vai de Paris a Londres justo aqui?"... Tinha esquecido que estava em Londres.

Mas o meu problema agora não é o passado. É o futuro.



Duas semanas na Coruña ou só oito dias? Voltar antes de Estocolmo a Londres para aproveitar mais Londres? Ou voltar depois de Estocolmo a Londres para aproveitar mais Estocolmo?



Quanto valem os momentos imperdíveis? Mais ou menos que as multas para mudar a data das passagens aéreas?

Carpe esse diem, ou o outro diem?

Teremos cachaça suficiente para a festa de despedida?

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Gravei um vídeo na casa do Johan para tentar decidir se a comida na Suécia é cara ou não.

Estou limpando meus rascunhos no Gmail (tenho mais de 360, alguém ganha de mim?) e achei esse resumo sobre um fim de semana que passei no Rio de Janeiro em 2007.


quinta dei uma voltona pelo centro, joguei bola com uns moleques do lado da escadaria da lapa, debati com uns imbecis fazendo passeata contra a legalização do aborto, vi uma exposição ótima sobre a história de portugal no CCBB e conheci um estudante de cinema da estácio de sá que escreve poemas, mto gente boa
sexta fui com duas inglesas do albergue no jardim botânico, lagoa rodrigo de freitas, introduzi as duas no ritual "restaurante por quilo" e subimos no corcovado, mesmo com neblina
e à noite fui com 12 gringos pra lapa, mas não entramos no democráticos, tava caro demais, fomos em uma balada enorme que abriu semana passada lá do lado
sábado foi o dia da chuva e da ressaca, de tarde fui com dois meninos da inglaterra e áfrica do sul pra uma aula de capoeira, depois jantamos todos no albergue
e domingo tava sol então corremos pra praia pra torrar um pouquinho
Eu já sabia de tudo isso, mas divido com a turma para quem quiser me entender um pouco melhor.

terça-feira, 17 de agosto de 2010



(Jean-Sébastien Monzani - jsmonzani.com)

domingo, 15 de agosto de 2010

Vídeo que co-produzi em Istambul:

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Postado originalmente no Blog das 30 Pessoas.

Ontem acordei querendo a minha cama. Aquela distante alguns milhares de quilômetros, com o colchão duro demais naquele quarto pequeno lotado de caixas com meus cadernos do colégio, textos da faculdade, bichos de pelúcia canadenses e pertences valiosos e impossíveis de descartar que já escaparam da minha memória.

Não estou acostumada a querer essa cama e suspeito que o mal-estar estomacal, atualmente o maior problema diplomático entre Brasil e Turquia, seja o grande culpado dessa vontade que, convenhamos, já passou.

O 5º Congresso Mundial da Juventude tem uns 1200 delegados de uns 150 países. Muitas floras intestinais estão padecendo com o intercâmbio bacteriano, mas a delegação brasileira parece ter sido especialmente afetada pelo choque cultural. Somos apenas 11, mas mais da metade agora tem como tema majoritário de conversas o estado físico e emocional dos respectivos intestinos. Trocamos confidências, abraços e dicas durante as refeições ou pelos corredores.

A revolta delgada e grossa ganhou fôlego no momento menos oportuno: os projetos de ação. Cada “aile” (família nas quais os delegados foram divididos) viajaria para um canto diferente na Turquia durante quatro dias para trabalhar voluntariamente em projetos locais. Por motivos de força maior, quase todos os brasileiros tiveram que desistir da ideia de passar várias horas dentro de um ônibus sem banheiro.

A família Kestane Sekeri, à qual pertenço, saiu de Istambul e veio para Manisa, uma cidade perto do Mar Egeo. Fomos batizados com o nome de uma comida que antes haviam dito que era doce, mas depois explicaram que era salgada. Estivemos dentro de um ônibus das 9h às 17h, com direito a cruzar o Mar de Mármara em uma balsa e parar em um shopping mais sofisticado que o Graal para almoçar. Encontrei um purê de batatas providencial e passei o dia bebendo Coca-Cola, a indicação do meu pai para combater a desidratação.

Mas por aqui não faltam remédios caseiros que garantem ser tiro e queda. Quase topei comer uma colher de chá de café turco em pó com limão, mas preferi uma pílula de carvão e o combo aspirina+refrigerante, ainda que isso tenha me custado um discurso dos esquerdistas radicais sobre como a Coca-Cola é tão cruel que é impossível que ela possa me fazer bem. Não entendi direito qual é a mágica do carvão, mas dizem que ele “absorve tudo”.

Tanta coisa interessante para dizer sobre a Turquia e eu aqui compartilhando detalhes sobre cocô...

--Bônus: cinco parágrafos soltos que não mencionam dejetos sólidos nem líquidos—

Istambul tem 2.500 mesquitas. Todas elas se fazem ouvir pelo menos 5 ou 6 vezes ao dia, nos horários em que os muçulmanos devem parar o que estão fazendo e rezar em direção a Meca. Que coincidência, acaba de começar o chamado do último horário de reza.
Em Manisa somos 24 pessoas dos seguintes países: Brasil, Canadá, EUA, Argentina, Bangladesh, Marrocos, Alemanha, Albânia-Itália, Paquistão, Egito, Palestina, Iêmen, Polônia, Nigéria, Geórgia, Austrália, Nepal. Devo ter esquecido alguém.

O café-da-manhã inclui tomate e pepino. Todo. Santo. Dia. De vez em quando comemos batata frita nas três principais refeições. Comíamos, é claro, mas prometi não abordar esse assunto.

Meu turco ainda vai me levar longe. Sei dizer “olá”, “tudo bem?”, “meu nome é Carolina”, “eu sou do Brasil”, “eu sou jornalista” e, por fim, “eu não sei falar turco”. É o suficiente para ganhar a simpatia dos seguranças do campus e motoristas de ônibus, além de descontos em lojas.

Domingo quase dei de presente para o meu pai um genro argentino. Sebastián e eu havíamos sido escalados para o papel de noivos num casamento típico turco. No fim, para evitar ensaios, trocaram os noivos e fomos só coadjuvantes suados (suspeitamos que os casamentos só acontecem no inverno, dada a quantidade de peças de roupas nas quais fomos enfiados). Papai, pode respirar aliviado!
 

O conteúdo desse blog pode ser reproduzido apenas para fins não comerciais.

Tema criado por WordpressCenter.com.
Template Journic para Blogger por Beta Templates.