terça-feira, 27 de julho de 2010

Mas não quero falar sobre isso agora.

Fiquem com fotos:


sexta-feira, 9 de julho de 2010

(publicado originalmente no Blog das 30 Pessoas)
 
Já não sei há quantos dias estou aqui. Cheguei numa sexta e hoje é quinta-feira, o que se supõe que vivo no meio do nada há uma semana. Mas, como boa cigana que sou, já esqueci como é o som da descarga e a cor de unhas demasiado limpas. Parece que sempre trabalhei das 6:30 às 10:30 arrancando as ervas daninhas que sugam a água das berinjelas, podando os pés de tomate e colhendo batatas vermelhas e brancas.

Removo a terra com as minhas próprias mãos atrás das raízes e nem percebo se há alguma minhoca, besouro, grilo ou plantas espinhosas ao meu redor. Descobri que existe minhoca verde.

Minha casa tem paredes brancas e teto verde. É feita de nylon e a porta é do mesmo tamanho que a janela, as duas se fecham com zíper. Dentro, um colchão, meu saco de dormir, um travesseiro, uma mala com algumas roupas, alguns livros e a minha revista de palavras-cruzadas, que já chega perigosamente ao final.

Os dias duram 16 horas. O calor é tão forte que saio da ducha suando e até a água do lago deixa de refrescar a partir do quinto segundo. Para se referir ao calor infernal, insuportável, sufocante, dos diabos, por aqui empregam uma palavra que também existe em Português, mas que eu nunca tinha escutado antes: canícula. Agora entendo os velhinhos que literalmente morrem de calor no verão francês e viram notícia mundial.

Meu vocabulário continua limitado: chaud, chaleur, canicule, été, lac, douche, eau são os substantivos que eu mais uso. O ser vivo mais citado é a mouche, ou seja, a mosca. Ontem Marielle montou uma tenda para Salomé poder dormir em paz. Aos dois anos e três meses, ela já fala fluentemente a frase « as moscas perturbam », com o sotaque do sul da França, para diversão dos pais, emigrantes do norte.

Amanhã à noite faremos uma receita brasileira: arroz com feijão, e brigadeiro como sobremesa. Até agora não entendi que raciocínio me fez decidir não carregar comigo um pacote de pão de queijo, acho que esse é o fim da minha carreira internacional como garota-propaganda da Yoki, atuando no Canadá, Alemanha, Dinamarca, Inglaterra, País de Gales, Espanha, Bélgica, Holanda, Argentina e Suíça.

Espero comentários, posto que tive que subir uma ladeira e atravessar o galpão das abelhas para usar o computador do vizinho com teclado francês faltando varias teclas. E já anoiteceu, portanto vou fazer o caminho de volta na escuridão total.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Quando o Alexandre Inagaki te convoca, não tem como fugir. Coloquei até a mãe no meio para rastrear o passado e descobrir qual foi o primeiro livro que eu li.

Dona Diva, imortalizada em 2008 pelo Doni, mas que volta hoje ao papel de coadjuvante da blogosfera anarística, respondeu prontamente ao meu e-mail perguntando qual era o primeiro livro que eu li. Acho que ajudou o "IMPORTANTE" que eu coloquei no título da mensagem. Precisei dela porque tenho muitas memórias da minha infância relacionada a livros, mas elas estão misturadas em uma salada cronológica.

Minha lembrança mais forte é a Coleção Barra Manteiga (sim, a coleção inteira). Durante uma fase da minha vida, mamis me levava uma vez ao mês à Livraria da Vila para que eu escolhesse um livro. Foi assim que completei essa coleção, mas só me lembro de um episódio: certo mês, consegui convencê-la a comprar dois livros, em vez de um. Diz ela que eu tinha oito anos nessa época. Um dos livros era Os lençois do fantasma ziguezague e eu adorava a história do fantasma super assustador e também muito fashion, com lençois coloridos e estampados de tudo quanto é jeito.



Só que, no final, você descobre que ele tem um armário cheio de lençois porque na verdade o corpo dele é feito de palitos de sorvete, e isso não assusta ninguém, verdade? O que aconteceu foi que eu fui lendo um dos livros no carro, e o segundo terminei antes da janta daquele mesmo dia. Eu bem que tentei choramingar para conseguir renovar o meu estoque, mas a mamis era casca grossa meu! (e sorte que ela não tem Gmail, não sabe fazer uma openID, e por isso não consegue comentar no blog)

Bom, não foi esse nem o primeiro nem o último livro que eu li. Mas como as provas do carbono-14 não funcionam para a memória, o máximo que consegui foi chegar a três finalistas:

1) As pintas do preá
Esse quem desenterrou do baú foi a mamis. Eu nunca teria pensado nele, mas lembrei na hora do quanto eu adorava os desenhos dos preás (dá pra perceber que desde que criança meu estilo de moda era bem, digamos, alternativos, né?). A cada página aparecia um preá decorado de uma maneira diferente do anterior, e o livro é todo em rimas. E segundo a Dona Diva eu tinha essa coleção inteira (o Google avisa que é a Coleção Gato e Rato)


2) Lúcia Já-Vou-Indo
Eu a-ma-va a Lúcia, em alguma época da minha infância. Que livro bem desenhado, que azul lindo usaram para pintar a lesma rechonchuda que estava atrasada para uma festa.  E o alface que ela carregava? Acho que li esse livro 463 vezes. Mas não lembro de uma palavra, por isso nem pergunte!


3) Flicts (SPOILER ALERT!)
Duvido que Flicts tenha chance de ter sido meu primeiro livro. Mas, como o Paraguai na Copa da África, vou tentar arrastá-lo o máximo possível, porque de longe é o livro que mais me marcou, depois de Crepúsculo (brincadeira, brincadeira! nem li esse). Flicts, para quem não sabe, foi escrito pelo Ziraldo e conta a história de uma cor que, por não ser tão popular como o vermelho, o azul, o amarelo, etc., acabava sendo rejeitada pelos objetos. Ninguém queria ser da cor flicts, por mais que ela viajasse pelo mundo para encontrar um lugar onde viver. Daí ela foi sumindo, sumindo, sumindo, até que por fim encontrou seu lugar. Na última página, Ziraldo revela: a Lua é flicts.


Eu gosto tanto dessa história sobre diversidade e toletância que, quando fazia intercâmbio no Canadá e a professora de francês nos deu como projeto a produção de um livro, eu não pensei duas vezes: traduzi o Flicts, desenhei todas as páginas, colori e coloquei até papel contact na capa. Fez menos sucesso que o brigadeiro que eu preparei pro projeto de culinária, mas valeu o esforço né?

Bônus: A Galinha Ruiva
Se você se sentiu mais ludibriado com esses três finalistas do que lá no meu post sobre nudismo, aqui vai, definitivamente, sem sombra de dúvidas, a primeira história que eu já ouvi na minha vida: A Galinha Ruiva. Diz a Dona Diva que essa foi a primeira história que ela leu pra mim. E, ao contrário do Flicts, eu não aprendi absolutamente nada do que deveria com a moral da história da galinha que plantou o trigo, colheu o trigo, amassou o trigo, fez o pão e, já que nenhum dos outros animais quis ajudá-la com o trabalho, no final ela não dividiu o fruto do trabalho com ninguém (rá! não avisei do spoiler! estou num parágrafo meio #kakabadboy). Não lembrava da história, mas juro de pé junto que, quando a lia aqui nessa página tinha certeza que no final a galinha compartilharia o pão com os amiguinhos preguiçosos. Tolinha eu, né?
 

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