quarta-feira, 30 de junho de 2010

Porque só assim eu acordaria hoje achando que ia passear com o meu mapa por Bilbao, mas acabei fazendo uma roadtrip em um furgão vermelho até a antiga árvore de Guernica, almoçando no porto de Lekitio durante as festas do Dia de San Pedro, chocando crianças em férias ao fazer topless em uma praia onde ninguém praticava o nudismo e por fim mergulhando no Atlântico Norte, que aqui mais para o norte é menos gélido que lá na minha casita.


Não, não tem foto do nudismo, gênio.

terça-feira, 29 de junho de 2010

Oito horas dentro de um trem e me lembrei das viagens que fiz em 2004 e 2005. Passava até 20 horas viajando, cruzava três fronteiras de uma vez, puxava papo com todo mundo que sentava ao lado e não me cansava de ficar olhando a paisagem.

Em compensação, 10 horas voando é tortura maior do que ser chileno e ter que enfrentar o Brasil nas oitavas. Deviam colocar nos aviões, em vez da janelinha, uma tela onde passasse qualquer filme gravado do lado de fora de um trem em movimento. Muito melhor do que o novo Alice no País das Maravilhas que me colocou para dormir no último GRU-MAD.

Foi a minha primeira vez com a Feve, empresa de trens espanhola que funciona só no norte do país. No resto temos a Renfe, que opera o meu conhecido trecho Coruña-Santiago, que nem parece trem, já que a paisagem é feia de doer. Sobre rodas minha amiga é a Alsa, que premia os clientes organizados com descontos de 50% em viagens entre a Galícia e Portugal.

Mas quando eu era mochileira menor de 26 anos eu viajava com o passe Eurail, e então eu não raciocinava em empresas, pensava só em cidades e países. Minha grande parceira era a alemã Die Bahn, que me dava todos os horários e itinerários da Europa e então era só eu anotar no meu caderninho de viagens e aparecer no dia, na hora e na plataforma para subir no vagão que me desse na telha (desde que do lado de fora houvesse a sutil indicação "Segunda Classe").

domingo, 27 de junho de 2010



Se existe uma cidade bonita em demasia, essa cidade é Oviedo. Astúrias já deixa claro, de entrada, que o feísmo galego não é contagiante.

É a cidade mais limpa do mundo (parece que existe um prêmio do tipo, e Oviedo ganhou). Depois que o caminhão de lixo passa recolhendo o lixo, outro caminhão passa recolhendo as lixeiras para que a cidade fique mais charmosa. Sim, pelo visto dá para ficar ainda mais charmosa.

Todas as casas são charmosas, pinturas impecáveis em todas as paredes, as ruas de pedestres são de mármore cor-de-rosa e a cada esquina uma estátua diferente vem atiçar a imaginação.

A unificação da Espanha nasceu aqui, no primeiro reino que começou a engolir tribos de visigodos, se difundiu boa parte da península e, por fim, abocanhou a Andaluzia dos árabes.

Quem me hospeda é o Fran, um ex-professor de carpintaria que eu nunca tinha visto na vida, como é do meu feitio. Mas, para acalmar a mamis e as titias, temos amigos em comum lá na Coruña, tá bom?

Abaixo, um vídeo que revela a dimensão da minha bagagem, os meus descabelos e a cama onde eu dormirei hoje. Amanhã verei o Brasil eliminar o Chile lá do País Basco.

Por outro lado, meninas pequenas com malas grandes atraem pena e sempre conseguem dividir a carga durante o caminho.

sábado, 26 de junho de 2010

Borboletas e couchsurfers me estão tirando o apetite. Não quero listar as pendências para evitar perder todo o tempo que me resta listando o que eu deveria estar fazendo em vez de listagens. Meu caderno de viagens já tem cara e agora começa a ganhar forma:


Para quem não conhece o antigo, fiz um vídeo sobre ele para o blog da Lucia Malla:

Meninos podem viajar com o mundo nas costas. Eu caio para trás com o peso.
Meninos só precisam de duas calças, uma delas com zíper para virar bermuda, três camisetas e um moletom.
Um par de tênis e um par de chinelos e os meninos cobrem todas as situações possíveis, porque meninos podem ir a festas e jantares com o mesmo par de tênis que calçaram para acampar na cidade anterior.
Meninos fariam a minha viagem com um mochilão e não estariam de cabelos em pé, às 00h41, tentando fazer caber em uma mala roupas para enfiar na terra francesa, para suportar o verão turco e o começo do outono sueco.

Minhas roupas que me perdoem, mas vou deixar muitas delas pelo caminho.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Há um ano recebia o dia mais longo do ano com a esperança de que tudo seria melhor durante a nova estação. Esperança relativa, pois era difícil vislumbrar que as coisas pudessem ficar pior do que já estavam. O verão traria calor, nova rotina, dias espichados e noites de festa distantes das memórias ruins.

E ali estava de novo, quarta-feira passada, vestindo roupa na areia da praia, fechando os olhos para escapar das cinzas das fogueiras e bebendo sangria antes de pular as chamas e fazer três desejos.

Dessa vez, eu tinha franja e pulei a fogueira para espantar as bruxas, mas me recusei a fazer desejos. Cansei de pedir serenidade, o fim da insônia, a libertação do chocolate e uma estante definitiva onde deixar os penduricalhos que compro pelo mundo.

Ninguém pode me dar nada disso e eu já começava a parecer uma mendiga desesperada. Pedia para o Senhor do Bonfim, para as velas no bolo, para a primeira estrela da noite e agora para os espíritos celtas libertados no verão.

Entre 24 de junho de 2009 e 24 de junho de 2010, quem me deu o que eu queria fui eu mesma e acho bom que continue assim.

 

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